domingo, 12 de agosto de 2012

Pai de Ricky Martin: "Maldito dia em que você entrou no Menudo"



Cantor fala como foi difícil crescer com fama, sem o pai por perto

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Entre os famosos gays, o pai mais famoso é o cantor Ricky Martin. Ele é pai dos gêmeos Matteo e Valentino. Os filhos foram gerados por uma barriga de aluguel, um caminho procurado por muitos homossexuais para realizar o sonho da maternidade.

Na Índia, na cidade de Hyderabad, uma clínica recruta essas mães de aluguel e cobram cerca de R$ 50 mil de pais  endinheirados (muitos de casais gays) pelo pacote da barriga de aluguel. As mulheres pobres ganham cerca de R$ 18 mil para carregar um filho gerado em proveta, por inseminação artificial, em que os homens gays escolhem um óvulo de uma doadora anônima para gerar seus filhos.

Ricky Martin já declarou que adora tudo na paternidade e nem se incomoda de ficar sem dormir esperando que seus filhos adormeçam. Muitos gays recorrem à barriga de aluguel porque sonham em ver suas características físicas em seus filhos, transmitir sua herança genética, o mesmo desejo de pais heterossexuais. Outros preferem adotar filhos.
O cantor disse que pretende aumentar sua família. Ele quer ter uma menina como companhia para seus gêmeos. Só que desta vez ele cogita adotar a criança, em vez de encomendar a uma clínica de reprodução assistida.
O ex-Menudo está amando a experiência de criar suas crianças, já que a vida com seu pai foi difícil devido às viagensconstantes do seu antigo grupo musical. Em sua autobiografia, lançada em 2010, Ricky contou que a vida de integrante do Menudo o tirou da convivência com sua família.
“Meu pai uma vez me disse: Maldito dia em que você entrou no Menudo. Naquele dia perdi o meu filho. Ele estava absolutamente correto. Em certa medida, ele perdeu o filho e eu perdi o pai. Naquele tempo era difícil saber o que estava por vir”, escreveu o cantor.
Leia um trecho do livro Tornando-me Homem, livro sobre a vida do cantor.
Meu pai uma vez me disse: "Maldito dia em que você entrou no Menudo. Naquele dia perdi o meu filho". Ele estava absolutamente correto. Em certa medida, ele perdeu o filho e eu perdi o pai. Naquele tempo era difícil saber o que estava por vir. Nós não conseguíamos nem começar a imaginar o que estava pela frente. Eu só via as incontáveis oportunidades, as milhares de coisas maravilhosas que ainda me aguardavam, o sensacional caminho que estava se abrindo diante de mim. Nenhum garoto - nem mesmo quando é homem feito - pode discernir o que vai acontecer quando o caminho da sua vida é alterado.
Era impossível compreender quanto custaria alcançar o que desejava. Naquele momento, tudo o que sabia era que ansiava por aquilo com todo o meu ser - meu coração e minha alma. Eu tinha dado duro, com muito esforço e determinação, e sabia quão longe queria chegar. Estar no palco era o meu sonho e estava disposto a fazer o que quer que fosse para chegar lá. Nesse sentido, o Menudo era uma obsessão - eu só conseguia pensar naquilo. Entre os dez e os doze anos, mal conseguia dormir só de pensar no quanto queria aquilo.
Até que finalmente parou de ser um sonho e tornou-se a minha realidade diária. Foi um momento que viria a determinar o curso da minha vida. O que ele me deu foi magnífico - experiências e emoções que me marcaram profundamente e fizeram de mim uma pessoa melhor. O que me custou foi a infância. No entanto, ganhei lições inestimáveis através do que aprendi e do que perdi. E, assim como nunca iria querer perder nenhuma das lindas lembranças que tenho daqueles anos, também não quero esquecer alguns dos problemas que suportei. Os tempos difíceis me deram a capacidade de apreciar os alegres, e também me ajudaram a me fortalecer como homem. É como tudo o mais na vida: se não fosse pelas coisas ruins, nós nunca seríamos capazes de apreciar as boas.
Quando eu era pequeno, minha mãe sempre dizia: "Filho, nesta vida tudo é possível. Mas você precisa saber o que fazer". Ela dizia isso porque me conhece bem; sabia que naquele momento eu queria tudo, e tudo era o Menudo. Eu deixava meu pai louco ao pedir para me levar aos testes. Suplicava: "Me leva! Me leva! Me leva!". Implorava de todas as formas imagináveis, e implorava tanto que não sei como ele não me jogou de um penhasco. Até que, finalmente, um dia ele disse: "Tá bom, vamos".
Fiquei tão feliz. Isso foi em 1983. Hoje é difícil compreender o que o Menudo era naquele tempo, mas a verdade é que era diferente de qualquer outra coisa por aí. Eu até ousaria dizer que até hoje continua a ser um episódio único na história da música. Antes de existir qualquer banda como New Edition, Backstreet Boys, New Kids on the Block, 'N Sync ou Boyz II Men, existiu o Menudo. Foi a primeira boy band latino-americana a alcançar fama internacional. A banda fez tanto sucesso que se falava em "Menudomania" e "Menudite", e muitas vezes éramos comparados aos Beatles e à Beatlemania.
O Menudo começou quando o produtor Edgardo Diaz formou um grupo com cinco garotos, todos eles porto-riquenhos. A singularidade do Menudo, o que acredito ter tornado o Menudo completamente inconfundível - e permitido sua fama durar tanto - é que os membros da banda estavam sempre mudando. A ideia era que cada membro ficaria apenas até fazer dezesseis anos; a essa altura ele deveria se afastar e o seu lugar na banda ficava aberto para um novo membro. Desse modo, os meninos eram sempre jovens, preservando a alegria e a inocência da adolescência. O primeiro Menudo era composto por dois grupos de irmãos: os Melendez (Carlos, Ricky e Oscar) e os Sallaberry (Fernando e Nefty). Eles lançaram o primeiro álbum em 1977, e daquele momento em diante a fama do grupo cresceu exponencialmente: em poucos anos eles estavam enchendo estádios de norte a sul e de leste a oeste por toda a América Latina, e fotos deles forravam páginas e páginas na imprensa, até na Ásia.
Eles se tornaram um fenômeno mundial, e quando a RCA, o selo musical, ficou sabendo o que estava acontecendo, assinou um acordo multimilionário com eles. Isso os tornou ainda mais famosos, amealhando milhares de jovens fãs em todos os Estados Unidos e no resto do mundo. De fato, uma das redes de TV de língua inglesa mais importantes dos Estados Unidos usou a música do grupo para ensinar seus espectadores a falar espanhol.
Assim, quando eu era bem pequeno (no fim dos anos 1970, começo dos 1980), o Menudo era sensacional. Um fenômeno mundial. Um sucesso total. Como eu não iria querer fazer parte daquilo? Principalmente considerando que o fenômeno tinha nascido na minha ilha? Sabia todas as músicas deles de cor - eu as cantava desde que me lembro. De fato, adorava tanto cantar que, com a segurança inerente à juventude, achava que entrar para o grupo não era um sonho impossível... Então, eu me dediquei a fazê-lo virar realidade.
Porém, como tudo na vida, o meu ingresso no Menudo não aconteceria sem a devida dose de contradições. Apesar de os garotos do Menudo serem os meus ídolos e de eu desejar entrar para o grupo, para a maioria dos meninos da minha idade o Menudo era coisa de menina. Cultural e socialmente, estávamos tão condicionados - em parte devido à ignorância e em parte à inveja - a achar que homens de verdade não gostam de cantar e dançar, que, para um garoto como eu, querer isso era considerado ridículo.
De fato, quando meus amigos da escola me perguntavam por que eu queria entrar para o Menudo, sempre dizia que era por causa "das meninas, do dinheiro e das viagens". Eu devia ter lhes falado a verdade - que queria cantar e dançar no palco -, mas não tenho a menor dúvida de que iriam caçoar de mim. Meninos não deveriam "gostar" do Menudo. Então, em vez de dizer a verdade, simplesmente concordei e disse o que se esperava de mim, escolhendo o caminho com menor resistência. Naquela época, não foi de maneira nenhuma uma experiência traumática, mas agora percebo como é triste não ter me sentido suficientemente à vontade para dizer a verdade.
Depois de pleitear por meses, finalmente tive a oportunidade de fazer um teste. Meu pai me levou para o local em que estavam sendo realizados e lembro-me perfeitamente de estar bem calmo no caminho. Embora fosse normal que eu ficasse pelo menos um pouquinho nervoso, estava muito relaxado porque sabia que ia me sair bem e que os executivos não teriam outra opção senão me escolher. E foi assim que aconteceu ou quase. Fui muito bem no teste. Eles adoraram o modo como eu cantava e dançava, mas tinha um problema: eu era muito baixo. Os outros meninos do grupo eram uma cabeça e meia mais altos do que eu, e os executivos queriam que todos os meninos do grupo fossem mais ou menos da mesma altura. No entanto, em vez de me desencorajar, essa rejeição inicial só serviu para aumentar a minha determinação.
Apareci de novo em um teste nove meses depois, mas mais uma vez fracassei porque era muito baixo. A certa altura até sugeriram que eu comprasse uma bola de basquete e praticasse para ver se isso me ajudava a crescer! Meio cínico, não é? Contudo, é claro, não me deixei desanimar. Persisti até que, finalmente, no terceiro teste, consegui. Eu não tinha, na verdade, crescido muito depois dos dois últimos testes, mas por algum motivo dessa vez parece que a minha estatura não incomodou. Acho que em parte foi porque viram o quanto eu queria entrar.
"Parece que você nunca vai crescer!", disseram. No dia daquele terceiro teste, eles me chamaram e disseram que queriam fazer um outro teste na casa de uma das assistentes do empresário da banda. Eu, é claro, fui para a casa dela, onde cantei algumas músicas. Quando terminei, ela me disse: "Agora, vamos para o escritório". Achei um pouco estranho, mas, como não sabia o que fazer, fui atrás dela. A surpresa foi que, quando chegamos ao escritório do grupo, meus pais estavam lá para me encontrar.
No começo, não entendi por que eles estavam lá, até que alguém finalmente explicou: "Você passou no teste! Você é um Menudo!". Fiquei sem fala. Fiquei feliz, é claro, mas ao mesmo tempo não podia acreditar. Eles me cumprimentaram e nós festejamos, mas o que realmente foi inacreditável é que me contaram às sete da noite, e às oito horas do dia seguinte eu estava em um avião para Orlando, onde era a sede da banda. Logo que cheguei, fui diretamente dar entrevistas, encontrar-me com os estilistas, e preparar o guarda-roupa. Em menos de 24 horas minha vida havia mudado completamente.

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